O mercado de saúde está em constante mudança, sempre buscando identificar e avaliar tecnologias e tratamentos com objetivo de prolongar e/ou melhorar a qualidade de vida das pessoas. Com base nisso, o setor se movimenta na tendência de novos modelos de remuneração baseados em Valor.
Value Based HealthCare (VBHC), traduzido para Saúde Baseada em Valor, busca entregar melhores desfechos clínicos na perspectiva do paciente com o menor custo possível, buscando um sistema de saúde mais sustentável.
No Brasil o sistema de saúde enfrenta diversos desafios, dentre eles: como promover e melhorar a saúde da população mantendo controle de custos e agregando qualidade na entrega do serviço prestado. Estamos num cenário desafiador: introdução de novas tecnologias, envelhecimento da população, mudança do perfil epidemiológico com prevalência de doenças crônicas e o elevado grau de desperdício em todas as esferas da saúde. Este cenário ameaça sobremaneira a sustentabilidade do sistema de saúde em nosso país.
Os modelos de remuneração e de financiamento em saúde influenciam diretamente na lógica como a assistência é prestada. No modelo de remuneração por serviço, ou o fee-for-service, prevalente no Brasil, estimula-se o volume e a complexidade dos serviços prestados, sem necessariamente preocupar-se com a qualidade.
Na busca por encontrar equilíbrio financeiro, alguns players têm investido na eficiência da entrega dos serviços e outros, apenas em reduzir os custos sem se preocupar com a qualidade do que está sendo disponibilizado. Se as variáveis qualidade e custo não estiverem conectadas e associadas ao ciclo de cuidado que envolve a jornada completa do paciente, não haverá geração de valor.
Segundo Anderson Fernandes, Gerente de Market Access Strattner, os debates sobre os benefícios de VBHC já eram pauta em outros lugares do mundo há mais tempo e aqui no Brasil têm ganhado atenção nos últimos anos. Nos Estados Unidos, por exemplo, um artigo dos anos 90 chamou a atenção para o alto volume de mortes por situações evitáveis ocorridas em hospitais norte-americanos. A partir disso, gerou-se preocupação acerca do tema.
"A primeira definição concreta sobre Saúde Baseada em Valor surgiu em 2007, quando dois professores da Escola de Negócios de Harvard, Michael Porter e Elizabeth Teisberg, explicitaram que o investimento em saúde deve ser obrigatoriamente convertido em melhorias na atenção à população".
Um grande equívoco é acreditar que pagamento baseado em valor é uma forma de fazer com que os prestadores de serviços gerem mais qualidade com menos recursos. A ideia na verdade está no avanço da eficiência, reduzindo os desperdícios e entregando melhores resultados aos pacientes. A nova forma de remuneração baseada em valor deve alinhar os incentivos para toda a cadeia: pagadores, prestadores, indústria e pacientes. Dentre os benefícios, é possível destacar:
"A partir disso, o paciente passa a estar no centro do processo, e as avaliações baseadas em suas experiências ganham ainda mais importância. Essa mudança poderá refletir positivamente na escolha de prestadores de serviços em saúde, não somente pelas operadoras de planos de saúde, mas também pelo próprio usuário", explica Anderson.
Anderson também falou sobre a implementação do método no mercado nacional. Para ele, cada vez mais instituições de saúde brasileiras implementam Escritórios de Valor, com o objetivo de definir estratégias capazes de melhorar a qualidade e a experiência do paciente. São diversas interações entre todos os stakeholders com objetivo de proporcionar soluções mais completas e sustentáveis para um novo modelo de ecossistema em saúde.
Na Strattner, por exemplo, com a implementação da célula de Market Access, projetos nesse sentido estão em andamento em conjunto com prestadores e operadoras de planos de saúde para propor novos modelos de remuneração baseados em valor. Essas ações visam desenvolvimento de Linhas de Cuidado com objetivo de mensurar desfechos clínicos de tecnologias e procedimentos, como por exemplo, a cirurgia robótica. O conceito Linha de Cuidado representa toda a jornada que o paciente faz em uma rede organizada de saúde, composta por ações de promoção e prevenção em saúde, tratamento e reabilitação”. Através de uma agenda estratégica, estabelecida pela célula de Market Access com soluções da empresa 2iM, será possível desenvolver, monitorar e avaliar os desfechos clínicos, os processos de atendimento do paciente, os seus reportes e os custos das Linhas de Cuidado que envolvam as tecnologias utilizadas.
Tryanno Otero | 31/05/2023 às 04:22
Primoroso artigo Anderson, o desafio de se buscar equilíbrio entre os custos de atendimento e a melhor tecnologia a serviço do paciente é a maior preocupação da área da saúde nos dias atuais. Parabéns!
Ernesto M. Nogueira | 24/05/2023 às 07:35
Parabéns Anderson e equipe Strattner pelo pioneirismo na implementação de projetos em VBHC no Brasil. Muito é discutido e comentado sobre o tema; entretanto, poucas são as instituições que tiram a metodologia dos livros e geram resultados concretos para os sistemas de saúde.
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