Fibroscopia Aplicada à Anestesia - por Dra. Claudia Lutke

Anestesia
Tempo de leitura: 2 minutos

Dra. Cláudia Lütke | Fibroscopia Aplicada à Anestesia
Coordenadora do VAS – Via Aérea Segura
Grupo de Ensino e Pesquisa em Vias Aéreas da Disciplina de Anestesiologia, Dor e Terapia Intensiva
EPM - UNIFESP

A intubação traqueal constitui prática comum em anestesia clínica. É através desta manobra que se torna possível realizar com maior segurança a ventilação mecânica durante anestesia geral. Na imensa maioria das vezes esta se faz através de laringoscopia direta, utilizando-se do laringoscópio de Macintosh (lâmina curva) ou Miller (lâmina reta) para visibilizar a fenda glótica e possibilitar a passagem do tubo traqueal através das pregas vocais até sua posição final no interior da luz traqueal.
Em determinados pacientes, entretanto, esta visão não é tão facilmente obtida, seja em razão de condições patológicas ou simplesmente em razão de características anatômicas desfavoráveis para adequada exposição das estruturas laríngeas (ver quadro).

À despeito do desenvolvimento do fibroscópio por Ikeda em meados da década de 60, somente dez anos mais tarde este passou a ser visto como importante ferramenta auxiliar nos casos de intubação traqueal difícil (1). Rapidamente a fibroscopia passou a ser considerada o padrão ouro para acesso à via aérea difícil previamente reconhecida, posição ocupada até hoje.

As principais características que justificam este “status” são:
• trata-se de uma técnica atraumática, moldando-se à anatomia do paciente e não forçando a anatomia do paciente a moldar-se ao aparelho;
• pode ser realizada com o operador em qualquer posição (na cabeceira, defronte ou ao lado do paciente);
• desencadeia menor resposta hemodinâmica quando comparada a outras técnicas empregadas em intubação acordado (ref);
• pode ser realizada tanto por via oral como por via nasal;
• possibilita acurácia no posicionamento do tubo traqueal.

Ovassapian foi dos principais difusores do uso mais amplo do fibroscópio em anestesia. Logo outras aplicações – que não apenas a intubação traqueal - foram identificadas: auxílio no correto posicionamento de tubos endobrônquicos de duplo lumen, locação de bloqueadores brônquicos ou orientação do procedimento de traqueostomia percutânea.

A desinformação acerca do uso da fibroscopia em anestesia, a falta de treinamento nos centros formadores e o custo de aquisição e manutenção do equipamento fazem com que, no Brasil, ainda seja pequeno o número de profissionais (anestesiologistas) que dispõem desta técnica em seu dia a dia.

Parte do custo recai na manutenção e reparo de fibroscópios danificados pelo uso. 

 

Quadro: exemplos de condições predisponentes à dificuldade de intubação convencional (por laringoscopia direta).
Os sintomas podem variar desde alterações miccionais (urinar mais frequentemente, dificuldade e dor na micção, presença de sangue ou muco na urina) até dores abdominais, anemia e emagrecimento progressivo.

O diagnóstico se dá por exames de imagem (ultrassonografia e uro-tomografia) e cistoscopia com avaliação histológica do material ressecado, sendo este o método considerado padrão-ouro no diagnóstico do câncer de bexiga.

Condições Patológicas Associadas à Dificuldade de Intubação Características Anatômicas não Patológicas Associadas à Dificuldade de Intubação
Síndromes congênitas Limitação da abertura oral
Sequelas de queimaduras em região de face ou pescoço Limitação da mobilidade atlanto-occipital
Obesidade Redução da distância tireo-mentoniana
Trauma Incisivos centrais superiores longos
Radioterapia ou intervenção cirúrgica prévia em região de cabeça ou pescoço Pescoço curto
Tumores ou abscessos em vias aéreas Retrognatismo
Afecções endócrinas Macroglossia

Referência Bibliográficas:
Gil KSL, Diemunsch PA. Fiberoptic and flexible endoscopic-aided techniques, em: Benumof and Hagberg’s Airway Management. Elsevier – Saunders, 2013(3rd) ed. pp 365-411.e4.

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