Com o avanço da endoscopia veterinária diagnóstica e cirúrgica, houve uma melhora significativa no bem-estar dos animais. Esse tipo de abordagem permite a visão interna da anatomia e performance cirúrgica, e caso necessário, é possível reverter a cirurgia, ou seja, torná-la aberta (método convencional). O uso do endoscópio para diagnóstico ou até mesmo na terapia diminuem os riscos de infecção além de possibilitar uma recuperação mais rápida do paciente.
É natural a constante evolução nos tratamentos dos pacientes, o que implica em treinamentos e investimentos nas novas tecnologias. Segue abaixo um relato de caso do Médico Veterinário Fernando de Castro Figliolini, no qual a tecnologia permitiu o diagnóstico e tratamento preciso do animal.
“Essa semana fui chamado para realizar um procedimento de celioscopia exploratória em um jabuti, o animal apresentava-se apático e anorético há um mês. O exame bioquímico do sangue apresentou um discreto aumento de enzimas hepáticas, os demais parâmetros estavam dentro da normalidade incluindo o ácido úrico, exame que reflete o funcionamento dos rins. Esse só costuma apresentar alteração em doença renal que acometa mais de dois terços dos rins, ou seja, geralmente só permite identificar um mau funcionamento dos rins em estágios muito avançados ou agudos de doença no órgão.
Para realizar esse exame utilizei uma ótica rígida de 2.7 mm com uma camisa com canal de trabalho que permite o uso de instrumentos, como pinças e tesouras, durante o exame por um único acesso no paciente. Esses instrumentos fazem parte de um “Kit” especifico para videoscopia em animais silvestres.
O animal anestesiado foi posto em decúbito lateral na mesa cirurgia e foi realizado um acesso de cerca de 5mm região da fossa femoral (abertura entre o casco e o plastrão por onde passa o membro pélvico). Por esse acesso foi introduzida a ótica, e logo foi possível ter uma visão clara da cavidade do animal e de varias estruturas como bexiga, oviduto, ovário, intestino, rins e fígado.
O fígado do animal apresentava agrupamentos de pontos amarelados por toda superfície, acompanhando a vascularização periférica do órgão. Tal achado é fortemente sugestivo de gota úrica visceral, condição patológica que geralmente é diagnosticada em exames pós mortem. Demais órgãos não apresentavam alterações visíveis.
Foram coletadas algumas amostras do fígado com auxilio de uma pinça de biopsia. Os pequenos fragmentos foram enviados para exame de histopatológico e aguardamos o resultado. Essa tecnologia nos permite, de maneira minimamente invasiva, chegar a diagnósticos precisos nos quais sem ela seriam impossíveis e antecipar tratamentos específicos, aumentando a chance de cura e melhorando a qualidade de vida dos jabutis e outros répteis.
Souza | 21/05/2021 às 10:32
Achei muito bom este site! Fizeram um ótimo trabalho. Parabéns!!!
Cursos Com Certificado | 25/04/2021 às 17:00
Aqui é a Carla Da Silva, gostei muito do seu artigo tem muito conteúdo de valor parabéns nota 10 gostei muito.
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