Com a recente declaração do cantor Djavan sobre ter sido diagnosticado com tremor essencial, essa doença ganhou mais notoriedade. Mas a realidade nem sempre foi essa. Frequentemente, pacientes com tremor essencial são confundidos com aqueles que têm Parkinson, já que em muitos casos os tremores involuntários também são sintomas desta doença. Apesar de as duas serem de ordem neurológica e de afetarem os movimentos da pessoa, é certo afirmar que nem todo doente com Parkinson tem tremor e muitos dos doentes que têm tremor não têm Parkinson.
De acordo com o coordenador do serviço de neurocirurgia funcional do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Dr. Kleber Paiva Duarte, as características de cada tremor são diferentes. “No Parkinson o tremor se manifesta, geralmente, quando se está em repouso. Ao contrário do tremor essencial, em que o tremor acontece, justamente, ao fazer um movimento, principalmente nos que demandam ação mais delicada, como segurar uma xícara ou escrever”, explica.
Embora ao olhar do leigo pareçam doenças semelhantes, clinicamente é mais fácil evidenciar as particularidades de cada uma. Segundo Dr. Kleber, o tremor essencial, na maior parte dos casos, surge dos dois lados do corpo e com a mesma intensidade. Já o Parkinson é uma doença que se inicia unilateralmente e, progressivamente, acomete os dois lados de forma assimétrica.
O médico ainda alerta que há pessoas que têm as duas doenças associadas, como se o tremor essencial fosse uma manifestação inicial da doença de Parkinson.
A causa do tremor essencial é desconhecida, mas sabe-se que a origem é genética. Enquanto a doença de Parkinson é causada por uma intoxicação das células nervosas do cérebro que produzem a dopamina (neurotransmissor que controla os movimentos), fazendo com que elas parem de funcionar.
As duas doenças não têm cura. Porém, há tratamentos que visam melhorar os sintomas dos pacientes. São medicamentos via oral ou, nos casos em que a medicação não surte efeito, procedimentos cirúrgicos. No Brasil, as cirurgias ainda são feitas de forma invasiva e consistem na implantação de eletrodos na região do cérebro afetada pela doença. Porém, há uma nova opção já aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): um tratamento que utiliza ultrassom focalizado para criar uma lesão nas áreas mais profundas do cérebro, sem a necessidade de incisões cirúrgicas. Chamado de Exablate Neuro®, o equipamento, que está disponível para integrar os principais centros médicos do país, é o primeiro no mundo a tratar tremor essencial e doença de Parkinson em pacientes que não respondem aos medicamentos.
Dr. Kleber diz que outra grande vantagem do Exablate Neuro® é dar independência ao paciente, já que nos procedimentos que existem atualmente, é preciso voltar com frequência ao médico para fazer reprogramações, rever o sistema, trocá-lo, sempre se sujeitando a infeções. “São procedimentos seguros, mas não são isentos de risco. No procedimento ablativo por ultrassom, o paciente faz o procedimento e volta para casa no mesmo dia”, conclui.
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